Desreguladores Endocrinos
Diariamente somos expostos involuntariamente a substancias químicas presentes em alimentos, recipientes, produtos de higiene e limpeza e até mesmo presentes no ar que respiramos.
Algumas dessas substancias apresentam a capacidade de alterar a função dos nossos hormônios.
Essas substancias são chamadas de desregulares endocrinos (DE). Os desreguladores endocrinos são definidos como: substancias químicas, naturais ou sintéticas, presentes no meio ambiente, que tem a capacidade de imitar ou interferir com a síntese, secreção, transporte, ação ou eliminação de hormônios.
Os DEs podem levar a doenças endocrinológicas e estar associados ao aumento da incidência de: infertilidade, puberdade precoce, obesidade, câncer, doenças de tireoide, diabetes tipo 2 e problemas do neurodesenvolvimento.
A exposição aos DEs pode ser prejudicial em qualquer fase da vida, mas é especialmente preocupante durante a gestação e infância, pois são períodos de maior suscetibilidade aos malefícios dessas substancias.
Os DEs podem estar associados a: Obesidade, Puberdade Precoce, Infertilidade, Cancer, alterações de tireoide.
São exemplos de DEs:
– Bisfenial- A (BPA): composto sintético utilizado na fabricação de vários tipos de plástico. Pode ser encontrado em uma série de produtos como, garrafas plásticas tipo PET, papel térmico utilizado em notas de cartão, contas ou caixa eletrônico, camada interna de latas de alimentos e líquidos, retardantes de chamas, equipamentos médicos e polímeros utilizados na indústria de automóveis. O uso de BPA em mamadeiras foi proibido no Brasil em 2011. Seu uso na indústria tem sido restringido, principalmente na Europa.
-Ftalatos: utilizado na fabricação de plásticos e adição de fragrância aos produtos. Podem ser encontrados em: xampu, esmalte, cosméticos, produtos para bebês (xampu, talco, mordedores), brinquedos, carros (responsável pelo cheiro de “carro novo”), produtos perfumados como velas e detergentes, material de construção (tinta, pisos de vinil) garrafas PET.
– Parabenos: amplamente usados como preservativos em cosméticos, alimentos e medicações, por sua ação antimicrobiana. Eles são facilmente absorvidos pelo corpo humano.
– Pesticidas: criados com o objetivo de serem tóxicas para fungos, animais ou plantas prejudiciais à agricultura ou ao homem. Se ligam facilmente a gordura e podem ficar depositados no tecido adiposo, passando de animal para animal, na cadeia alimentar. Tanto o inseticida DDT (dichlorodiphenyltrichloroethyleno), como o seu metabólito DDE podem se acumular no tecido adiposo humano.
– PBDE (Polybrominated diphenyl ethers) : substâncias usadas como retardantes de chama em tecidos, plásticos, computadores, aparelhos eletrônicos, moveis com espuma, automóveis
– Metais pesados: mercúrio, chumbo, cádmio, cobre, níquel e arsênico. Podem ser encontrados em baterias recarregáveis, pigmentos de tinta, queima de carvão, incineração de lixo, lâmpadas fluorescentes, entre outros. Essas substancias podem contaminar a água e animais aquáticos, que posteriormente serão consumidos.
Os DEs estão muito presentes no nosso dia a dia e pode parecer impossível evitar a exposição a essas substancias. Entretanto, algumas medidas simples podem ajudar a reduzir significativamente essa exposição:
– Lavar as mãos ao chegar em casa e tirar os saptos utilizados na rua
– Dê preferência aos alimentos orgânicos livres de agrotóxicos.
– Priorize cozinhar em casa e reduza a quantidade de fast food e alimentos processados.
– Gestantes devem evitar o contato e a inalação de produtos químicos.
– Não aqueça potes de plástico no micro-ondas. Leite quente não deve ser servido em mamadeiras de plástico. Em casa, prefira recipientes de vidro, aço inoxidável e porcelana. Evite uso de potes ou panelas de artesanato com tinta de origem desconhecida.
– Evite beber a água que esteve armazenada em uma garrafa PET exposta previamente a alta temperatura, como, por exemplo dentro de um carro ao sol.
– Evite o consumo de bebidas quentes, assim como chá e café, em recipientes plásticos, uma vez que estes compostos se misturam com o líquido quando aquecidos.
– Evite armazenar no freezer alimentos e bebidas em recipientes de plástico.
– Descarte utensílios de plástico lascados ou arranhados. Evite lavá-los com detergentes fortes ou colocá-los na máquina de lavar louças.
– Procure o selo #BPAFree nas embalagens de plástico, que indicam que este plástico é livre de bisfenol A e ftalatos. Evite o uso de plásticos com os códigos de reciclagem #3, #6 e #7, porque eles contêm DE, especialmente no período peri-gestacional e de lactação.
– Não queime plásticos, derivados do petróleo e fluidos industriais.
– Evite tocar nas notas de caixas ou de máquinas de cartão de crédito impressas em papel térmico.
– Gestantes e mulheres amamentando devem evitar o consumo de peixes ricos em mercúrio, como atum, cavala, tubarão e peixe-espada.
– Forneça às crianças somente brinquedos com o selo do INMETRO.
– Não dê para a criança pequena, mordedores ou brinquedos de plástico macio, já que eles têm um potencial de possuírem DE.
– Evite fumar ou conviver com fumantes (exposição ao cádmio entre outros).
– Ao utilizar cremes, desodorantes, protetores solares e outros produtos de higiene pessoal dê preferência aos sem parabenos.
– Escolha produtos de higiene pessoal ou de limpeza que sejam sem fragrância.
– Fique atento aos produtos cosméticos, especialmente aos infantis.
– Não reutilize as embalagens vazias dos saneantes, pois elas sempre ficam com algum resíduo do produto. Jogue-as fora no lixo seletivo.
– Para evitar a exposição a pesticidas, caso não tenha acesso aos alimentos organicos: lave frutas e legumes e antes deixe-os de molho por 10 minutos em uma solução de 1 parte de vinagre para 3 partes de água, descasque frutas e vegetais; retire a gordura visível da carne antes do preparo.
– Acostume você e seu filho com pouca luz durante a noite. Evite televisão no quarto ou desligue telas (TV, tablet, celular) duas horas antes de dormir.
– E o frango? Estudo americano evidenciou níveis de DE menores na carne de frango do que na de gado. O pensamento corrente de que frangos crescem rapidamente à base de hormônios é um engano. Na verdade, o tipo de criação, intensiva, com muita luz e sem espaço para locomoção é que provoca este ganho de peso acelerado nos aviários de grandes empresas.